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Retrato
Era uma vez, mas eu me lembro como se fosse agora, eu queria ser trapezista. Minha paixão era o trapézio, me atirar lá do alto na certeza de que alguém segurava minhas mãos, não me deixando cair. Era lindo, mas eu morria de medo. Tinha medo de tudo quase, cinema, parque de diversão, de circo, ciganos, aquela gente encantada que chegava e seguia. Era disso que eu tinha medo, do que não ficava para sempre. Era outra vez, outro circo, ciganos e patinadores. O circo chegou a cidade era uma tarde de sonhos e eu corri até lá. Os artistas, eles se preparavam nos bastidores para começar o espetáculo, e eu entrei no meio deles e falei que eu queria ser trapezista. Veio falar comigo uma moça do circo que era a domadora, era uma moça bonita, forte, era uma moçona mesmo. Ela me olhou, riu um pouco, disse que era muito difícil, mas que nada era impossível. Depois veio o palhaço Poli, veio o Topz, veio o Diverlangue que parecia um príncipe, o dono do circo, as crianças, o público. De repente apareceu uma luz lá no alto e todo mundo ficou olhando. A lona do circo tinha sumido e o que eu via era a estrela Dalva no céu aberto. Quando eu cansei de ficar olhando para o alto e fui olhar para as pessoas, só aí, eu vi que eu estava sozinha"| Antônio Bivar
Quem me define
Ouvir| Feita ma
Bahia – Maria Bethânia
Autor: Bertrand Russell
1º Leitura | 31/10/15
O pouco para quem é muito...
Ouvir| Raul Seixas/ Ouro de Tolo
Quando eu comecei a ler
este capitulo, me interroguei várias vezes sobre o que é felicidade e
infelicidade, na incessante busca de saber o que desencadeia a infelicidade e
felicidade nos seres humanos; se a felicidade faz parte do cotidiano ou apenas
de algumas horas do cotidiano; as pessoas são felizes e as escolhas infelizes?.
Por exemplo; a vida pode ser infeliz, pois ela não segue uma condição sonhada
por muitos, família tradicional, saúde, dinheiro, casa própria etc. Mas mesmo
assim sou feliz porque tenho a oportunidade em vida de conquistar ainda que
para muitos seja tardia esta condição de felicidade almejada.
Guimarães Rosa disse
uma vez que “Felicidade
se acha é em horinhas de descuido” então quando estamos “descuidados” a
infelicidade se faz presente? Talvez sim ou não, como é citado neste capitulo a
arte de “ler fisionomias”, nos torna empáticos ou muitas vezes iludidos, pois o
que parece ser não é, desta arte cênica de atuarmos dia a dia nos tornamos
felizes para uns, infelizes para nós ou vice e versa.
O que você faz para ser
infeliz?
2º Leitura | 03/11/15
“Minha Pobreza”
Assistir| Maria's
interview - BRAZIL - #HUMAN
Ouvir| Diferenças
/ Rael da Rima
Reflito com o autor que talvez SIM, a
infelicidade tenha sua gênese no sistema social. Partindo dos estudos de
grandes sociólogos como Durkheim, Weber e Marx, sobre o coletivo e igualdade entre
classes, penso que a infelicidade tenha sua base material retirada deste
momento da história. Com isto, é fácil entender que as diferenças sociais
ativam a infelicidade anexada à inveja em qualquer ser humano, porém, as
condições psicológicas da infelicidade são muito mais incisivas do que a
material, pois ela nos cobra 24h. Nossa mente trabalha dia e noite,
incessantemente, aliviando e cobrando os nossos impulsos, medos e vontades.
Têm
um ditado do escritor Albert Camus que diz “Toda a infelicidade dos homens
nasce da esperança”, eu parafrasearia este dito como “ Toda a infelicidade dos
homens nasce da desesperança”. Desesperança essa que nos faz sentir-nos de mãos
atadas e cômodos a nossa condição.
3º Leitura | 01/11/15
Infelicidade Enrustida
Ouvir| Modinha para Gabriela/ Gal Costa
Não pare na pista,
ande, analise, sinta, seja, todos aqueles que você vê passar pela sua vida.
Conseguiria ser empáticos a todos estes andantes? Você teria forças o
suficiente para aguentar todos esses “eus”, eus com tristezas ocultas, alegrias
exarcebadas, frustrações reprimidas, ansiedades enraizadas, foco excessivo,
indiferença excêntrica; seria você capaz de perceber este misto de sentimentos
no próximo?
Passamos pela vida em
busca da nossa felicidade, do nosso prazer, da nossa alegria. Damos total foco
aos nossos problemas, porque “eu” não sei lidar, porque “eu” sou infeliz,
porque “eu” sou assim meio Gabriela, e esta concentração em si próprio nos
faz sozinhos neste mar de gente, sendo
nós mesmo os únicos a sofrerem os horrores deste mundo que vivemos. Esta
condição de infelicidade cotidiana está por toda parte, mas o nosso egoísmo não
nos deixa perceber o quanto não estamos sozinhos lutando para se desvencilhar
desta cruz que carregamos com as dores do mundo. Não somos os únicos infelizes,
somos muitos entre tantos.
4º Leitura | 06/11/15
“Ser ou não ser... eis a questão”
Ouvir| Máscara / Pitty
Ao ler este livro foi muito difícil desvincular a
infelicidade das comparações. A todo o momento estamos nos comparando com algo
ou alguém. Sempre procuramos nos igualar a algo ou alguém. Hoje vivemos para
mostrar o que somos o que temos o que teremos e como iremos ter. Com esta
marcha globalizada para ao qual caminhamos, é possível confirmar nossas
comparações e competições frente ao outro.
A ilusão tomou posse dos nossos propósitos, o que era pra ser
lazer tornou-se exibicionismo, o que era pra ser conquista tornou-se
competições de egos, o que era pra ser mérito, tornou-se nada mais que um
narcisismo intelectual. “A realidade é que precisamos ser “isto” ou” aquilo”
para nos mantermos em uma roda de amigos, para mostrarmos as possibilidades de
convivência, suportando as mentiras e contradições dos nosso eu, frente ao que
poderíamos ser e não somos.
A aceitação é a infelicidade dos egos maus resolvidos.
5º Leitura | 02/11/15
“Controlando a minha maluquez, misturada com a minha lucidez”
Ouvir| Maluco Beleza/ Raul Seixas
Para todos lucidez, para mim maluquez. A todo o momento testamos o nosso
equilíbrio, medimos as nossas forças e sentimentos em um duelo homérico; a todo
o momento nos mostramos como fortes e capazes, desfilamos nossa felicidade... Ah,
é claro precisamos mostrar para as pessoas que somos felizes, precisamos
mostrar a nossa condição limitada de ser e estar; precisamos nos SENTIR,
pertencer a uma classe. A classe dos infelizes que precisam a todo momentos se
ajustar ao mundo para serem o que os outros querem.
Lutam, trabalham, amam, para quem? Si próprio ou para os outros? Basta um
gole para esta carcaça lúcida se desfazer em exagerados gestos de angústias e
mágoas mal resolvidas. Basta o segundo gole para se reconhecer impotente diante
de suas fraquezas. Basta o terceiro gole pata termos a certeza de que o muito é
pouco.
6º Leitura | 07/11/15
“Não sou nada. Nunca serei nada, não posso querer ser nada.”
Álvaro de Campos
Ouvir| Adeus Paulistinha – Tonico e Tinoco
As nossas escolhas estão diretamente ligadas a nossa
felicidade ou infelicidade. O peso do certo ou errado tem grande influência no
que nos tornamos quando adultos. Eu sempre busquei a minha felicidade, mesmo me
sentindo em alguns poucos momentos da vida infeliz. Sempre achei que a
infelicidade estava associada à falta de fé e esperança que depositamos nas
atitudes ou pessoas. Com o passar dos tempos fui aprendendo que “somos aquilo”
que nossa mente perseverou. Então o que os outros acham ou querem pra nossas
vidas são vontades somente deles, eu decido o que fazer com cada opinião dada.
Às vezes é dado muito valor ao que a sociedade exige, e acabamos perdendo os
nossos critérios e sonhos por imposições, que nada contribuem com a nossa
felicidade. Por isso é tão fácil encontrarmos pessoas infelizes nos casamentos,
trabalho, família etc, pois o que os outros acham ou impõe tem mais valor que
os seus próprios valores.
7º Leitura | 08/11/15
Permita-se!
Ouvir| Casa no Campo – Elis Regina
Hoje a leitura me lembrou de como é bom ser simples, de como
é bom simplificar pessoas e de ser indiferente ao peso do certo ou errado.
Nascemos sendo apontados pelos nossos pais, depois amigos, chefes e todos
aqueles que permitimos. Isso é pra você, isto não é, você tem que falar assim,
se vestir assim, andar assim, fazer isso, colocar isto, comer aquilo, ficar com
ele, trabalhar ali, sentar aqui... Isso, isso, isso... É tedioso ter que viver
respeitando os padrões impostos no mundo, pra você não ser julgada e massacrada
por mil opiniões. A infelicidade se esconde nessas determinações. As pessoas
precisam aprender que todos tem um espaço no mundo e, com certeza elas irão se
encontrar e desenvolver suas habilidades de acordo com o seu EU interior.
Ser privado de ser quem realmente é-nos torna refém de um
valor excessivo do qual nunca será saciado. Iremos passar a vida querendo
satisfazer um vazio que já passou a época. A emoção, expectativa e vibração já
não as mesmas que você iria viver se alguém não tivesse reprimido.
Permitir-se e aceitar os desígnios torna a caminhada mais
leve e feliz!
8º Leitura | 14/11/15
SER!
Ler| Felicidade Realista – Martha Medeiros
Eu li, palpitei, me contradiz, fiz a última leitura e lembrei-me
de um texto da Martha Medeiros que fecha este capítulo, dizendo e contrapondo o
tema:
De norte
a sul, de leste a oeste, todo mundo quer ser feliz. Não é tarefa das mais
fáceis. A princípio, bastaria ter saúde, dinheiro e amor, o que já é um pacote
louvável, mas nossos desejos são ainda mais complexos.
Não basta
que a gente esteja sem febre: queremos, além de saúde, ser magérrimos, sarados,
irresistíveis. Dinheiro? Não basta termos para pagar o aluguel, a comida e o
cinema: queremos a piscina olímpica, a bolsa Louis Vitton e uma temporada num
spa cinco estrelas. E quanto ao amor? Ah, o amor... não basta termos alguém com
quem podemos conversar, dividir uma pizza e fazer sexo de vez em quando. Isso é
pensar pequeno: queremos AMOR, todinho maiúsculo. Queremos estar visceralmente
apaixonados, queremos ser surpreendidos por declarações e presentes
inesperados, queremos jantar à luz de velas de segunda a domingo, queremos sexo
selvagem e diário, queremos ser felizes assim e não de outro jeito.
É o que
dá ver tanta televisão. Simplesmente esquecemos de tentar ser felizes de uma forma
mais realista. Por que só podemos ser felizes formando um par, e não como
ímpares? Ter um parceiro constante não é sinônimo de felicidade, a não ser que
seja a felicidade de estar correspondendo às expectativas da sociedade, mas
isso é outro assunto. Você pode ser feliz solteiro, feliz com uns romances
ocasionais, feliz com três parceiros, feliz sem nenhum. Não existe amor
minúsculo, principalmente quando se trata de amor-próprio.
Dinheiro
é uma benção. Quem tem, precisa aproveitá-lo, gastá-lo, usufruí-lo. Não perder
tempo juntando, juntando, juntando. Apenas o suficiente para se sentir seguro,
mas não aprisionado. E se a gente tem pouco, é com este pouco que vai tentar
segurar a onda, buscando coisas que saiam de graça, como um pouco de humor, um
pouco de fé e um pouco de criatividade.
Ser
feliz de uma forma realista é fazer o possível e aceitar o improvável. Fazer
exercícios sem almejar passarelas, trabalhar sem almejar o estrelato, amar sem
almejar o eterno. Olhe para o relógio: hora de acordar. É importante pensar-se
ao extremo, buscar lá dentro o que nos mobiliza, instiga e conduz, mas sem
exigir-se desumanamente. A vida não é um game onde só quem testa seus limites é
que leva o prêmio. Não sejamos vítimas ingênuas desta tal competitividade. Se a
meta está alta demais, reduza-a. Se você não está de acordo com as regras,
demita-se. Invente seu próprio jogo.
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